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A mostrar mensagens de janeiro, 2018

As Crónicas de um Leproso

Fernando Albino Mosca Caída nasceu num McDonald’s do Porto de uma forma dolorosa e, no entanto, extremamente engraçada. A mãe, que era uma coleccionadora abusiva de brinquedos de Happy Meal, estava a discutir com uma criança porque a tinha visto com um brinquedo que ainda não possuía. A malvada criança, farta da adulta resmungona, empurrou-a com força e a grande barriga, quando colidiu com o chão, acabou por causar o nascimento do pequeno Fernando mais cedo do que o esperado. Por sua vez, o seu pai era um famoso vendedor de cachorros em Matosinhos e tinha muito sucesso. Apesar de os seus pais não serem muito dotados (ou seja: eram muito burros), Fernando teve sempre grande potencial para aprender, e o seu gosto e talento por ler e escrever não se demoraram a notar. Esse seu talento nunca foi valorizado pelo seu pai, que nunca se surpreendeu pelos seus dotes. Pode-se dizer que não continha uma costela criativa, aliás, uma salsicha criativa. Continuando: “O investimento está na comida,

Graham Greene: um romancista inquieto e intemporal

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O século XX viu nascer muitos romancistas e homens da palavra que ficaram na história pela sua escrita irrepreensível e pela imaginação que colocavam em cada obra. Poucos terão, ainda assim, tido uma vida tão rica em histórias dignas de romance como o autor britânico Graham Greene (1904-1991).  Se por um lado Greene se tornou conhecido e largamente adorado pelos romances que o próprio definia como “entretenimentos”, são também as suas obras mais profundas e filosóficas, quase existencialistas, entre a relação com o catolicismo e a compreensão das relações humanas - e da posição do homem na sociedade, na vida, na sua época -, que o tornam ainda hoje um dos autores do século passado mais relevantes e intemporais.  A obra de Greene, quase integralmente autobiográfica, é uma viagem pelas suas experiências e reflexões, pelos países que conheceu, pelas profissões que assumiu e por todas as viagens que teve oportunidade de fazer e que lhe ofereceram perspectivas diferentes sobre

Mas o que vem a ser isto?

Numa tarde de Outono em que a ociosidade dominava todo o ambiente doméstico, Pancrácio Antímio sentia-se aborrecido. Este intrépido aventureiro encontrava-se sem nada de novo para fazer, sem nenhum trabalho que pudesse eliminar o tédio que sentia naquele momento: não tinha mais tesouros para caçar no mundo perdido da Atlântida de Baixo, a prima afastada da outra Atlântida, mais conhecida internacionalmente, e que se situava nos confins de um pantanal lá para os lados de uma barragem improvisada pela câmara municipal de Santa Efigénia dos Tremoços; nem tinha qualquer pista nova que justificasse retomar a sua antiquíssima investigação para encontrar o paradeiro do príncipe D.Canestiano IV, herdeiro ao trono da Grunitiviera, desaparecido numa manhã de nevoeiro sem deixar rasto enquanto estava a torrar duas fatias de pão alentejano para, posteriormente, barrar com marmelada e adicionar um pouco de queijo gouda; e por fim, tinha acabado a busca pelos três cromos raros que lhe faltavam pa