Tocou-lhe o telemóvel
Tocou-lhe o telemóvel. Não mais que duas, não menos que quatro vezes. E, quase sem atender, perguntaram-lhe onde estava. Perguntaram-lhe se tinha almoçado, e o que tinha almoçado, e porquê. Perguntaram-lhe se tinha frio, se estava vestido de forma preparada para a chuva. Perguntaram-lhe com quem estava, e se eles tinham almoçado e estavam preparados para a chuva. Perguntaram-lhe quando voltava, se ía outra vez, o que fazia amanhã e se estava pronto para o amanhã, se mais, se menos do que tinha ontem estado pronto para hoje, e como estava a correr, hoje? Perguntaram-lhe se tinha apagado o esquentador, verificado se todas as torneiras estavam fechadas, tomado a vitamina e tirado tempo para reflectir acerca dos benefícios de cada um dos 26 componentes da mesma. Perguntaram-lhe qual o padrão da camisa, qual o tipo de tecido dos calções que envergava, qual a cor do céu quando para ele não se olha. Perguntaram-lhe o que andava a ler, os filmes que planeava visionar, quais as flores que cres