Hoje, não te levantes
Das janelas – altas, quadradas e em sequência na parede à minha frente – só se vêem telhados e um pouco do céu azul, sem nuvens, só azul claro, clarinho. A secretária, onde repousa o computador e portanto a folha digital onde escrevo, é uma espécie de ilha perdida, no meio de outras ilhas, que conserva, sabe-se lá há quantos anos, comunicados de imprensa, impressos de estudos publicados em revistas científicas, inúmeros livros nacionais e estrangeiros e uma planta, de espécie não identificada, que se ergue para cima e para os lados com as suas folhas tão verdes que, não existindo assim luz suficiente, muito menos natural, se estranha a vivacidade. O espaço é grande, o barulho pouco, e o som das teclas reconforta-me num dia que já devia ter chegado ao fim, mas que continua dolorosamente vivo, à espera da ansiada morte, do risco de mais um número no calendário, só para aqui voltar outra vez amanhã. Não foi um mau dia, registe-se. Foi, até, um dia entusiasmante, entre hist